HOMENAGEM AO SACEDORTE RAFAEL DE EXU MARABO .........
São
Cipriano
O
Mago dos Magos, o santo de Deus
Tascius Caecilius Cyprianus, nasceu na cidade de Antioquia.
Antioquia era uma cidade antiga erguida na margem esquerda do
rio Orontes, na Turquia. Foi nesta cidade que, quando o Cristianismo era apenas
uma pequena seita religiosa,
Paulo pregou o seu primeiro sermão numa Sinagoga, e foi também
aqui que os seguidores de Jesus foram chamados de Cristãos pela primeira vez.
Historicamente, há quem
defenda que São Cipriano Bispo de Cartago, ( Cartago,
o coração do grande império fenício que existiu no Norte de Africa e que
rivalizou com o império romano pelo controlo do mediterrâneo) e são Cipriano de
Antioquia,( de cognome «o feiticeiro», ou «o mago dos magos»), nascido na
cidade que existiu na zona entre Turquia e Síria, e que era chama «a mais bela
cidade do oriente», são figuras históricas totalmente distintas. Ao contrario, muitas outras fontes afirmam que São Cipriano o
Bispo de Cartago, e São Cipriano «o Feiticeiro», se tratam da mesma figura
histórica, sendo que por motivos de ocultação da vida pecaminosa de São
Cipriano antes da sua conversão, se procurou criar a ideia que o São Cipriano
santificado era uma figura totalmente distinta do São Cipriano o bruxo, assim
retirando de São Cipriano o Bispo e o Santo, a pesada macula de todos os seus
anteriores pecados. São teses históricas, umas mais defensáveis que outras, mas
que de qualquer das formas são unânimes em confirmar a existência de São
Cipriano. Cremos pessoalmente, que tal como afirmam as mais ilustres obras que
versam sobre São Cipriano, que Cipriano o Bispo de Cartago, e Cipriano o Bruxo,
são a mesma pessoa.
Quanto a São Cipriano de
Antioquia, o bruxo e santo:
Antioquia
era a terceira maior cidade do império romano, conhecida pela sua depravação.
Nesta metrópole conhecida por "Antioquia, a bela", ou a "rainha
do Oriente", ( tal era a beleza da arte romana e
do luxo oriental que se fundiam num cenário deslumbrante), a população era
maioritariamente romano -helénica, e o culto dos deuses era a religião oficial.
Alguns dos cultos religiosos estavam associados a deusas do amor e da
fertilidade, pelo que a lascívia, perversão e a libertinagem eram famosas nesta
cidade.
Foi neste ambiente religioso e cultural que Cipriano nasceu,
havendo sido admitido num dos templos sagrados da cidade para realizar os seus
estudos sacerdotais e místicos.
Filho de Edeso, ( pai), e Cledónia , ( mãe), Cipriano nutria uma verdadeira vocação e gosto
pelos estudos místicos e religiosos. Assim, Cipriano dedicou a sua vida ao
estudo das ciências ocultas, sendo que ficou conhecido pelo epíteto de o
«feiticeiro». Cipriano alcançou grande fama e o seu nome foi reconhecido
enquanto um poderoso feiticeiro, capaz de grandes prodígios.
Cipriano nasceu em 250 d.C. Era descendente de
uma prospera família e
filho de pais abastados e crentes das divindades pagas , que cedo
o entregaram ao sacerdócio de Deuses.
Cipriano entrou assim em contacto com as ciências ocultas, e
aprofundou afincadamente os seus estudos de feitiçaria, rituais sacrificiais e
invocações de espíritos, astrologia, numerologia, etc.
Cipriano é por isso conhecido pelo «mago da fenícia», ou o grande mago
«fenício», pois que é nas artes da magia fenícia que Cipriano é instruído, e
são essas artes de magia fenícia que são ministradas a Cipriano, ou seja,
Cipriano fica desde jovem conhecedor dos segredos do culto aos Deuses fenícios
conforme eles eram ministrados nos templos pagãos da Fenícia, templos esses a
quem até Salomão havia prestado culto e aprendido com os seus segredos ocultos.
Cipriano não se limita aos
seus estudos no sacerdócio de magia fenícia,
e desejando aprofundar os seus estudos ocultos,viaja pelo Egipto e pela
Grécia, angariando conhecimento com vários mestres e sacerdotes místicos;
Cipriano estuda desde as mais ancestrais técnicas astrológicas, á numerologia
hebraica, e demais artes místicas e mistérios sacrificiais.
A sede de conhecimento místico de Cipriano era insaciável,
e por isso contam-se historias lendárias de como ainda sendo bruxo, Cipriano –
não hesitando em fazer o que quer que fosse para aprender segredos místicos –
Cipriano fez-se passar por clérigo para obter conseguir obter segredos mágicos
de fieis tementes a Deus, numa sede imparável por saber oculto que não se
refreava diante de nada para aprofundar o saber místico.
Cipriano é conhecido no seu
tempo como o «mago da fenícia», ou «o grande mago fenício». O império fenício era um império
essencialmente de natureza marítima e comercial, sendo que os fenícios eram os
maiores e mais prósperos comerciantes do seu tempo. O império fenício
expandiu-se em rotas comerciais que vão desde a antiga Canaã – nas zonas
litorais do Líbano, Síria e norte de Israel – mais para norte – até Chipre e
Turquia – e mais a sul por toda a costa mediterrânica, passando pelo litoral
Egípcio, por Cartago, pela Itália, pela Grécia, por Marrocos, estendendo-se até
á península hibérnica. O alfabeto fonético fenício é considerado o ancestral de
todos os alfabetos modernos, assim se demonstrando o grau de elevação cultural
deste povo. A civilização fenícia – tal como a Canaanita
– era conhecedora de grande e profundos conhecimentos esotéricos, religiosos e
místicos, sendo as mais conhecidas das suas cidades aquelas mencionadas na
Bíblia, ou seja: Tiro, Sídon e Biblos. Os deuses
fenícios foram adorados também pelo rei hebraico Salomão, que se diz ter ficado
– tal como Cipriano – detentor dos seus segredos, e assim ter sido o mais
próspero rei do seu tempo. Serve isto para explicar o meio histórico e
religioso em que Cipriano viveu, e que lhe permitiu ter acesso aos grandes
segredos místicos dos Fenícios, dos seus deuses e das suas práticas esotéricas
e religiosas.
Por
volta dos seus 30 anos, Cipriano encontra-se estabelecido na Babilónia, onde
encontra a bruxa Èvora.
Estudando
com ela, Cipriano desenvolve as artes da bruxaria segundo as tradições místicas
dos Caldeus.
Após
o falecimento da Bruxa Évora, Cipriano herda os manuscritos esotéricos da Bruxa
Évora, dos quais extrai muita da sua sabedoria oculta.
Ao
fim de algum tempo, Cipriano já domina as artes das ciências de magia negra,
contactando demónios.
Diz-se
que se tornou amigo íntimo de Lúcifer e Satanás, para os quais conseguia
angariar a perdição de muitas belas e jovens mulheres, o que muito agradava aos
diabos, que em troca lhe concediam grandes poderes sobrenaturais.
(Sobre
como um bruxo ou bruxa se tornam servos do demónio,,
Com
os poderes infernais que lhe advinham que dialogar directamente com os demónio
e pedir-lhes a concretização de favores, Cipriano construiu uma carreira de
bruxo com grande fama,
produzindo grandes feitos, o que lhe valeu uma imprecedível reputação de grande feiticeiro ou mago.
Muitas
pessoas de todos os quadrantes geográficos procuravam os seus serviços místicos
e os seus ganhos financeiros eram assinaláveis. São Cipriano viveu assim uma vida de
bruxarias e riquezas, sendo que dizem certas lendas que São Cipriano foi dono
de um fabuloso tesouro, onde se encontravam tanto os seus manuscritos secretos
sobre assuntos místicos e bruxaria, como uma fortuna financeira incalculável,
adquirida através do exercício das suas artes esotéricas.
Cipriano foi autor de diversas obras e tratados místicos, e era já um
feiticeiro respeitado, reputado e temido, quando foi contactado por um rapaz de
nome «Aglaide», ( ou
Adelaide).
O rapaz estava ardentemente apaixonado por uma belíssima donzela
Cristã de nome Justina.
Aglaide tinha
encontrado o consentimento dos pais de Justina quanto a um casamento com ela,
contudo a donzela professava uma forte fé cristã e desejava manter a sua
pureza, oferecendo a sua virgindade a Deus. Por esse motivo, Justina recusou-se
casar.
Desgostoso mas com forte determinação em possuir Justine,
Adelaide encomendou os serviços de Cipriano, o «mago dos magos», grande
estudioso e sabedor dos conhecimentos do oculto.
Cipriano usou de toda a extensão da sua bruxaria para fazer Justine cair nas tentações carnais, levando-a a abrir-se e
oferecer-se a Aglaide, ao passo que renunciando á sua
fé Cristã.
Cipriano fez uso de diversos trabalhos malignos, e contudo nenhum
deles surtiu qualquer efeito.
Para espanto de Cipriano, todo o batalhão de feitiços que usava era repelido
pela jovem rapariga apenas através do sinal da cruz e das suas orações
Acostumado a fazer belas moças cair na tentação da carne e assim a
leva-las a entrar pelos caminhos da luxúria, conquistando-as para si mesmo, ( a favor do diabo, a quem com a perversão lhes vendia as
almas ), ou para as abrir a quem lhe encomendava os serviços de feitiçaria,
Cipriano não consegue entender o que se estava a passar.
Ele encontrou muitas dificuldades, sendo que pediu ao demónio que
perseguisse a jovem e bela Justina, ora lançando-lhe forte tentação e
inflamando-a se desejo carnal, ora atormentando-a com visões e aparições, ora
tentando-a vergar com todo um ardil diabólico, que ia de doenças, a todo o tipo
de enfermidade. Noite após noite, a pedido de Cipriano, o demónio visitava a jovem Justina com a sua
infernal quantidade de seduções e castigos. Nada resultou.
Cipriano desiludiu-se profundamente com as suas artes místicas que ate
então tinham funcionado tão forte e infalivelmente, para agora se verem
derrotadas por uma mera donzela com fé em Deus e em Cristo.
Aconselhado
por Eusébio, ( um amigo seu), e observando o poder da
fé de Justine, Cipriano concerteu-se
ao Cristianismo.
Assim
fazendo-o, o feiticeiro destruiu grande parte das suas obras esotéricas e
tratados de magia negra, assim como ofereceu e distribuiu todos os seus
bens materiais e riquezas aos pobres.
Depois
de se converter, Cipriano ainda foi fortemente atormentado por espíritos de
bruxas que o perseguiam, mas teve fé e assim afastou de si tais aparições que
apenas o pretendiam reconduzir aos caminhos da feitiçaria.
Cipriano
viveu uma vida de castidade e virtude, vindo a ser ordenado sacerdote, e mais
tarde alcançado a posição de Bispo de Cartagena.
A
fama de Cipriano era contudo grande e as notícias da sua conversão ao
cristianismo chegaram á corte do Imperador Diocleciano que á data tinha fixado
residência na Nicomédia.
Cipriano e Justina foram perseguidos, aprisionados e
lavados ao imperador, diante do qual foram forçados a negar a sua fé. Naquele
tempo, muitas das perseguições contra os cristãos visavam fazer os fiéis abjurar, ou seja, renunciar á fé em
Cristo. A esses cristãos, cuja a vida era poupada,
chamavam-se: lapsi
Consta que Justina e Cipriano,
foram por isso violentamente torturados, na tentativa de os levar á
«abjuração».
Justina foi despida e chicoteada, ao passo que Cipriano foi
martirizado com um açoite de pentes de ferro.
Mesmo com a carne arrancada do corpo a cada flagelação do chicote com
dentes de ferro, Cipriano não renegou a sua fé, e Justina manteve-se
sofredoramente fiel a Deus.
Conta a lenda, que outros grandes tormentos foram infligidos a
Cipriano e Justina, sendo que ambos saíram ilesos, por obra de um milagre de
Deus.
Perante a recusa de Cipriano e Justina em renunciar á sua fé, e
enraivecido perante o milagre que teimava em salvar Cipriano e Justina das
torturas, o imperador ordenou a sua condenação á morte.
Cipriano e Justina foram decapitados a 26 de Setembro de 304 d.C, juntamente com um outro mártir de nome Teotiso. Aceitaram a sua execução com grande fé e
serenidade, tendo falecido com coragem e dignidade.
Os seus corpos nem sequer foram sepultados, e ficaram expostos por 6
dias. Um grupo de cristãos comovidos pela barbaridade,
recolheu-os.
Mais tarde, o imperador Cristão Constantino, (272 – 337 d.C. ), ouviu falar de São Cipriano.
O imperador Constatino foi o primeiro
imperador Romano a confirmar o cristianismo como religião oficial. Diz a lenda
que na noite antes de uma batalha decisiva ás portas
de Roma, o imperador sonhou com uma cruz e ouviu uma voz que lhe disse:«sob este símbolo vencerás».
Constantino interpretou o sonho como uma mensagem de Deus, e de facto
venceu a batalha e conquistou o mais alto cargo de poder do império romano.
Governou o império ate morrer.
Foi Constantino que convocou o concilio de Niceia, onde se fixou a
data da Páscoa crista, assim como se decidiu sobre a natureza divina de Jesus.
Foi também Constantino que através do Èdito de Constantino,
fixou o domingo como dia de descanso cristão, o correspondente ao Sabbath
judaico.
Constantino ordenou que os restos mortais de Cipriano fossem
sepultados na Basílica de São João Latrão, localizada
na praça com o mesmo nome em Roma, que é a catedral do Bispo de Roma, ou seja:
o papa. A basílica de São João de Latrão, (Archibasilica Sanctissimi Salvatoris), é a «mãe» de todas as igrejas, aquela na
qual o Santo Padre exerce o seu mais alto oficio divino.
A Basílica de São João
de Latrão encontra-se localizada na praça de
mesmo nome em Roma e é a Catedral do Bispo de Roma: o Papa. O seu nome oficial
é «Arquibasílica do Santíssimo Salvador», e é considerada a "mãe” de todas
as igrejas do mundo.
Foi na
«Omnium Urbis
et Orbis Ecclesiarum Mater et Caput», (
mãe e cabeça de todas as igrejas do mundo), que São Cipriano, o santo e
mártir, encontrou o seu eterno repouso.
Muitos dizem:
Na verdade Cipriano apenas se converteu a Deus para
se livrar do falhanço das suas artes no caso de Justina. A esses respondemos: é verdade que as suas artes falharam
com Justina, e que isso muito desiludiu o santo. E porem: as artes do santo
falharam com Justina porque ela era uma santa destinada á santidade – conforme
o acabou sendo – mas resultaram com Clotilde, com Adelaide ,
com Elvira, e com tantas outras centenas de casos historicamente documentados.
Então:
o santo não se entregou aos caminhos
de Deus por hipocrisia, mas sim por ter entendido que Deus é o Senhor de todas
as obras do espirito, e por isso Cipriano entendeu que com Deus todas as artes
e caminhos do espirito são possíveis, e porem sem Deus não há nada que neste
mundo possa vencer nem prevalecer.
Por isso se
afirma:
Todo
percurso de São Cipriano é um verdadeiro hino á vida humana no maior esplendor
da sua existência, assim como toda a vida de são Cipriano é uma vida
inteiramente dedicada ás obras do espirito e ao mistério da paixão pelos
caminhos do espirito, e por isso olhai:
do Diabo a Deus, dos anjos
aos demónios, da feitiçaria é fé crista, da magia negra á magia branca, em tudo
São Cipriano mergulhou, estudou e viveu.
Do pecado á
virtude, da luxúria á santidade, da riqueza á pobreza, do poder á martirização,
se alguém é digno de um percurso existência completo, rico e enriquecedor, eis
que este santo assim o representa.
Controverso
e polémico, em São Cipriano a própria noção de evolução espiritual através da
profunda vivência das mais diversas realidades espirituais, (
do mais profano excesso, á mais
sacrificada ascese), encontra corpo na vida e obra deste feiticeiro e mártir.
Outras
figuras houveram como ele ao longo da história:
Maria
Madalena amava profundamente a luxúria e era prostituta, uma mulher totalmente
entregue ao prazer da carne, da vaidade e da luxúria, e que mais tarde viria a
ser Santa; Paulo perseguia a matava homens e mulheres inocentes apenas por
serem cristãos. Era um sanguinário predador de homens, um assassino que
assistiu á morte de São Estêvão, (o primeiro mártir), e que perseguiu e matou
cristãos na estrada que conduzia a Damasco, e que depois ascendeu a Santo;
Maria Egípcia, viveu na Alexandria, ( Egipto), onde se
tornou prostituta. Não vendia o corpo pensando em dinheiro, mas apenas pelo
vício do prazer. A quem lhe queria pagar, ela recusava o dinheiro e dizia que
se prostituía apenas para ter quantos homens fosse possível, fazendo de graça o
que lhe dava prazer. Também ela se tornou Santa Maria do Egipto, a ermitã.
A história
está repleta de santos que foram pecadores, e de grandes pecadores que se
tornaram santos.
São Cipriano
é também um desses exemplos da natureza humana em toda a sua complexa extensão:
- de pecador dedicado á feitiçaria, considerado o «mago dos
magos», apelidado como o «discípulo preferido do Diabo», conquistando pela
bruxaria belas mulheres para as entregar ás mãos do Diabo e da luxúria, e
construindo fortuna com fundamento na pratica do ocultismo, chegou a santo na
mais devota e redentora assunção do termo.
Muito mais que apenas um feiticeiro, ou apenas um
santo: é um símbolo da mais íntima natureza humana, na sua ampla dualidade. São Cipriano, foi bruxo de grande poder, bispo de grande
sabedoria e santo de grande nobreza. Por tudo isso, ( e
tal como Maria Madalena, que foi pecadora e encontrou a luz em Cristo), São Cipriano
foi um exemplo que redenção e salvação. Os seus saberes contudo, abrem as
portas á magia negra mais poderosa, ou á magia branca mais celestial. Cabe a cada um de nós, usar os saberes
de São Cipriano em consciência, e de acordo com as nossas escolhas.
São Cipriano ficou famoso
tanto pela sua vida de escândalos e luxúria, como pela pratica da mais poderosa
bruxaria, ( que aprendeu tanto nos templos das Deusas
da fertilidade, como com a famosa Bruxa Évora), como pelos muitos milagres que
fez depois de se converter ao cristianismo, ( o que o levou a ser um dos mais
bem sucedidos evangelizadores do seu tempo), e por ultimo pela sua morte como
mártir em nome da Fé.
Contam as lendas que São
Cipriano, através dos conhecimentos obtidos com a bruxa Évora, terá feito um pacto com um demónio.
Por causa desse pacto,
São Cipriano ter-se-ia entregue a uma vida de luxúria e pecado,
por forma a satisfazer o demónio, entregando belas mulheres á perdição e
perversão das seduções carnais. Desse pacto demoníaco celebrado por São
Cipriano, conta-se que lhe advieram os extensos poderes mágicos com os quais o
bruxo realizou incontáveis trabalhos místicos, que lhe renderam uma fama sem
precedentes.
Dizem algumas fontes, que os
manuscritos de São Cipriano ainda existentes, (que podem ser usados tanto para
o bem, como para o mal), encontram-se conservados na Biblioteca do Vaticano, e
que os livros que presentemente existem no mercado são excertos retirados
dessas obras originais.
Nos saberes de São Cipriano, é
claro de embora Cipriano haja renunciado á prática das artes da feitiçaria, ele
por vezes podia ensina-la a quem se encontrava em perigo ou tormentos, a fim de
auxiliar essa pessoa, se assim fazendo-o então o santo conquistasse mais uma
alma para a salvação da cristandade, o que apenas atesta que magia usada para
operar em Deus e a bem da salvação de uma alma cristã, é uma coisa boa e
virtuosa.
Seja como for, São Cipriano é
um Santo e Bruxo milagreiro, cujas as graças já
favoreceram milhares de sofredores por todo o mundo, em todo o tipo de
situações mais desesperadas. O dia de São Cipriano é celebrado a 2 de Outubro,
sendo que na última noite desse mesmo mês, a 31
Outubro( para 1 Novembro, a noite mais longa do ano), é celebrado o dia dos mortos, ou o dia das
bruxas. O mês 9 de todos os anos, é um mês de profunda
tradição na bruxaria.
E sobre são Cipriano, eis que muitos
por isso perguntam:
Deve-se venerar a são Cipriano
«antes» ou «depois» da sua conversão?
Responde-se:
Deve-se olhar a são Cipriano no seu
«todo», ou seja, deve-se olhar para «todo» o homem e para «toda» a vida do
santo, pois que da mesma forma que não é possível partir um homem ao meio, então também
não é possível conhecer ao santo dividindo-o em dois.
E por isso:
Como se poderá alguma vez
compreender a mensagem e o ensinamento do santo, se não se olhar a «toda» a sua
vida, e a «toda» a sua vivencia?
Acaso será possível ter vinho
negando as uvas? Ou acaso será possível fazer o pão desprezando ao grão da
farinha? Como podereis edificar uma grande casa sem o pequeno tijolo?, pois acaso não é necessário um para construir ao
outro?
E então: como podereis entender á
vida de um santo se não olhardes a «toda» a sua vida?,
e como podereis compreender á mensagem de um santo se não observardes «toda» a
sua vivencia?, da mesma forma que como podereis entender um livro se apenas
lerdes metade dele, e deitardes fora a outra metade do livro?
E na verdade: como poderia são
Cipriano verdadeiramente ter compreendido que no mundo do espírito não há
Senhor acima de Deus, se o santo não se aprofundasse nas mais obscuras e
ocultas vivencias místicas?, de forma a em certo
momento entender que até o Diabo, ( ele assim o confessou a são Cipriano), é um
anjo submetido ao poder de Deus?, e que nem o poder do maior anjo ou do maior
demónio conseguem vencer ao poder de Deus?, e que todas as coisas estão
submissas e submetidas a Deus?, e que nada sucederá neste mundo se Deus não o
permitir?, pois que o poder de Deus suplanta e supera todos os demais poderes?
E por isso: toda a vida do santo
deve ser olhada, pois que o santo nem negou ás coisas
do espírito, nem negou ás coisas da santidade; E o santo não negou nem ás coisas místicas, nem negou ás coisas de Deus; E antes porem,
o santo tudo isso viveu, e tudo isso vivenciou, para deixar ao mundo um legado
e uma mensagem de fé, e essa mensagem foi tal conforme já nas escrituras é
anunciado, onde assim está escrito:
o SENHOR DOS
ESPIRITOS (…) se manifestou
2 Macabeus 3,24
Pois então:
Deus é «Senhor dos espíritos», e
«Deus» é «Senhor» de «todos os espíritos», e «Deus» é «Senhor» de «todas» as
coisas do «mundo do espírito», e por isso no «mundo do espírito» nada dará
fruto se Deus não quiser, e com Deus tudo dará fruto.
E no fundo, era esta uma das
mensagens de são Cipriano, pois que ele que tantos prodígios
conseguiu alcançar com as suas magias, porem acabou concluindo que as
suas mais poderosas magias apenas davam fruto quando Deus permitia, e porem
quando Deus não permitia então não havia fruto possível.
E por isso, eis que assim são
Cipriano acabou observando na sua obra:
«(…) Disse o demónio - Infelizmente nada possa fazer contra o Deus
todo poderoso (…) que se quiser poderá nos impedir de qualquer movimento»
Obra de S. Cipriano – Pag 22,
Capitulo «Nascimento, vida e Morte de S. Cipriano; Cipriano e Clotilde»
Pois então:
Se não fosse «toda» a vida do santo,
tanto antes como após a sua conversão, então jamais tamanha «chave» lhe teria
sido dada, para que se lhe permitisse verdadeiramente vislumbrar as leis do
mundo do espírito, e assim deixar um legado de sabedoria inigualável.
E por isso, assim se pode entender
da mensagem de são Cipriano:
«Deus» é espírito, e «Deus» é o
«Senhor» dos espíritos, e por isso todas as «coisas do espírito» são de «Deus»,
e todas as coisas do «mundo do espírito» são as coisas do «reino de Deus»; E
por isso, todas as coisas do espírito são boas se vividas em Deus, e todas as
coisas do espírito dão fruto se vividas com Deus, e porem sem Deus não há
prodígios possíveis, e fora de Deus não há maravilhas.
E por isso, são Cipriano falando das
suas artes mágicas e místicas, assim disse na sua obra:
«(…) havemos de notar que
tudo quanto fazemos é em nome de Jesus Cristo»
Obra de são Cipriano; Instruções a todos os
religiosos, Pag. 36
Ou seja: assumiu são Cipriano que
tudo quanto foi feito na sua obra, ( seja magia
branca, ou magia negra, ou encantamento, ou feitiço, ou conjuração, ou invocação),
tudo é feito em Deus, e com Deus; assume por isso são Cipriano, que a «magia» é
coisa do «espírito», e que por isso toda a coisa da «magia» sendo coisa do
«espírito» é coisa do «mundo do espírito», e o «mundo do espírito» é o «reino
de Deus», e por isso não há «magia» que possa dar fruto fora de «Deus», e com
«Deus» toda a «magia» é invencível.
Ou seja, sobre as artes do espírito,
e sobre a magia, e sobre os misticismos, eis que são Cipriano acabou ensinando
tal conforme assim está escrito:
tudo o que Deus
criou é bom, e nada é desprezível se tomado com acção de graças, porque é
santificado pela Palavra de Deus e pela oração
1 Timóteo 4,1;4
Pois então: todas as coisas do mundo
do espírito são boas e nenhuma é desprezível, se elas foram vividas em Deus, e
se praticadas com Deus.
E por isso, a todos aqueles que
acusando o santo por causa das suas sabedorias místicas e do espírito, então
julgam poder dividi-lo em «antes» e «depois» da sua conversão, então a esses as
próprias escrituras lhes respondem como assim está revelado:
todas as coisas Te
servem a Ti
Salmo 119,91
Pois então:
Deus é Senhor de todas as coisas, e
por isso todas as coisas servem a Deus, e por isso todas as artes do espírito
serão desaconselhadas se praticadas fora de Deus, e porem todas as artes do
espírito, ( sejam elas de magias «negras», ou magias
«brancas», ou qual for a sua «cor»), eis que todas as artes do espírito são
boas e virtuosas se praticadas com Deus, e em Deus.
E assim sendo:
São Cipriano jamais renegou ás magias e aos portentosos prodígios que delas podem
nascer; porem são Cipriano
também não negou a Deus, e converteu-se, e morreu mártir pela fé em Cristo. E
por isso, a lição do santo foi: as magias existem, e são coisas do espírito, e
elas darão bom fruto se forem operadas na fé em Deus, por Deus, e jamais fora
de Deus, pois que fora de Deus não há maravilhas do espírito.
São Cipriano veio assim servir um
novo e diverso pão de esperança, e o santo veio oferecer um novo e amplo vinho
de espiritualidade, e todo esse novo fruto reside no ensinamento de são
Cipriano, e o ensinamento deve ser olhado no «todo» e não apenas na «parte».
Nalgumas doutrinas,
são Cipriano é apontado enquanto o santo Padroeiro de magos, magas, bruxos, bruxas,
necromantes, feiticeiras, espíritas, e de todos aqueles homens de fé que operam
nas artes do espírito e do oculto.
Sendo o santo protector desta classe
de homens de fé e ocultistas, são Cipriano assume-se como o santo protector
dessas artes e de seus artificies, sendo que a são Cipriano se pede protecção e
intercedência em todos os empreendimentos místicos e obras do espírito,
procurando sempre que através da intercedência do santo, todos os processos
espirituais sejam bem sucedidos, e porem sempre
norteados pela luz de Deus, pois que como são Cipriano descobriu: com Deus tudo
é possível edificar no espírito, e sem Deus nenhum fruto florescerá no
espírito.
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